Conheça os dados que mostram o desemprego baixo no Brasil e as implicações para a economia e a classe trabalhadora.
O mercado de trabalho brasileiro vive um bom momento. Segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, divulgados nesta terça-feira (16), a taxa de desocupação no trimestre encerrado em julho caiu para 5,6%, o menor nível desde o início da série histórica em 2012. O número de trabalhadores ocupados bateu recorde, alcançando 102,4 milhões de pessoas, e o contingente de empregados com carteira assinada no setor privado chegou a 39,1 milhões, também o maior já registrado.
Essa melhora objetiva reflete na percepção da classe trabalhadora. Uma sondagem recente do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicada pelo Rádio Peão Brasil, mostra que 53,8% dos brasileiros não veem chance de perder o emprego ou a principal fonte de renda nos próximos seis meses.
Dados do IBGE: ocupação recorde e menos desalento
No período analisado pelo IBGE, o número de desocupados recuou para 6,118 milhões, o menor desde 2013. O nível de ocupação manteve-se em 58,8%, recorde histórico, e o total de empregados com carteira assinada também chegou ao maior patamar da série.
Outro ponto positivo foi a queda do desalento: apenas 2,7 milhões de pessoas estavam nessa condição, o que representa queda de 11% em relação ao trimestre anterior e de 15% na comparação anual.
Para William Kratochwill, analista do IBGE, “esses números mostram o crescimento da ocupação e redução da subutilização da mão de obra”.
Percepções dos trabalhadores: segurança cresce, mas com ressalvas
Na sondagem da FGV, realizada com dois mil entrevistados em agosto, a maioria declarou não acreditar na perda do emprego: 42,3% disseram ser improvável e 11,5%, muito improvável. Apenas 16,6% consideraram provável ou muito provável ficar sem trabalho, enquanto 29,7% não souberam responder.
O economista Rodolpho Tobler, responsável pelo levantamento, avalia que esse sentimento é reflexo direto do mercado aquecido:
“Com a taxa de desocupação em níveis mínimos, é natural que os trabalhadores se sintam mais seguros na sua ocupação ou em uma realocação caso seja necessário. Esse dinamismo observado nos últimos anos tende a ser favorável para os trabalhadores.”
Além disso, a sondagem trouxe outros achados: 59,7% dos trabalhadores estão satisfeitos com o trabalho (15,3% muito satisfeitos), enquanto mais de 70% afirmam se sentir parcial ou totalmente desprotegidos em termos de proteção social.
Rendimentos em alta
O levantamento do IBGE também mostrou crescimento no rendimento médio real dos trabalhadores, que chegou a R$ 3.484 (alta de 3,8% no ano), e recorde na massa salarial, de R$ 352,3 bilhões. O aumento foi puxado principalmente pelos setores:
- Administração pública;
- Serviços sociais;
- Construção e
- Agropecuária.
Kratochwill pondera, contudo, que os ganhos salariais ainda são modestos:
“Os indicadores estão em patamares mínimos de subutilização, mas os rendimentos apresentaram variações marginais, com exceção dos militares e funcionários públicos estatutários.”
A combinação dos dados do IBGE e da sondagem da FGV aponta para um quadro robusto do mercado de trabalho, que alia números objetivos — desemprego em baixa, ocupação recorde e aumento de rendimentos — a uma percepção de maior segurança entre os trabalhadores.
Fonte: Rádio Peão Brasil

